domingo, 23 de dezembro de 2012


Dia 19 de dezembro, rotineiramente acordo sem pensar sobre as possibilidades que me reservam o dia. Mais um dia comum, nada de especial para acontecer. A vida tem se tornado o mais insuportável possível, trabalho casa, casa trabalho, pagar dividas, justificar que seus problemas pessoas impactam em seus resultados dentro da empresa, números, apenas uma peça defeituosa de uma engrenagem maldita chamada sistema.
Rumores nas ruas de que o mundo iria acabar, grande bobagem, afinal muitos outros profetas do apocalipse já escreverem nossos desleixo, nossa aniquilação. 
 

Dia 20 de dezembro, aumenta a expectativa, noticiários 24h falando do grande momento entretanto, a vida continua sem esperanças. Um  derrotado, um completo inútil que não conseguiu alcançar suas metas, por preguiça, pois afinal, sempre terá o dia de amanhã.
 

21 de dezembro, estou com medo. Abalos sísmicos derrubaram edifícios no centro velho de São Paulo, o abriu-se uma grande cratera na praça da Sé. Se ao menos eu tivesse mais tempo para viver a vida de uma maneira mais plena eu a teria, mas em minhas condições estou sem perspectivas. Meu mundo acabou antes mesmo desse prenuncio do dia 21, eu já estava morto e só percebi agora. Morto no sentido de não ter feito nada pra mudar o que me incomodava, hoje no extremo de minha existência aqui preso neste lugar, percebi o quanto a vida é valiosa. 
 

Se algum dia alguém ler esse relato, quero que saiba de uma coisa, meu arrependimento me matou. Não espere que algo de ruim aconteça pra reavaliar sua vida. 
 
22 de dezembro...Adeus