“ Então é assim que termina.” Foi exatamente o que pensei antes do meu
corpo atingir o chão em uma velocidade de aproximadamente 80kph, mas, antes de
te contar sobre isso vou falar de mim.
Meu nome é João Pedro Verano, meus amigos me chamam de
Verano apenas. Moro na grande e populosa São Paulo e a amo. Meus pais eram mais
liberais então não se incomodaram quando resolvi sair de casa e construir minha
vida a partir de minhas escolhas. Hoje moro em uma república que decidimos
apelidar de sociedade alternativa, em homenagem ao mestre Raul. Cada um dos
residentes tem uma habilidade em particular, o meu é a musica. Minha vida é
composta por trilhas sonoras que vou escolhendo de tempos em tempos, e nesse
exato momento eu estava ouvindo highway to hell. Não ouvi nem a freada só senti
o impacto da batida na lateral da minha moto. Hoje não sei aonde estou, só
consgo ouvir a voz de minha própria consciência e isso, acredite, não é nada agradável.
“Se eu me atrasar, meu pai vai me matar.” Eu não conseguia
pensar em outra coisa, e meu celular estava descarregado,- liga do meu, disse
uma amiga, e essa era a minha salvação. Expliquei que iria atrasar por causa de
um acidente envolvendo uma moto.
Me chamo Maria Eduarda, sou uma jovem e promissora
violinista. Sou de uma família tradicional do bairro da Vila Madalena em São
Paulo, e meus pais, são extremamente protetores. O sonho deles é ver a filha
tocar na orquestra sinfônica da cidade, mas nem sequer perguntaram o que eu
queria, por sorte tenho em meu violino, meu melhor amigo, e nele estão todos
meus sentimentos.
Ouço alguém pela janela do ônibus dizer que o acidentado é
jovem mas só consigo pensar no meu atraso para ir a aula de musica, meu
pai vai me matar...(prólogo do livro que
pretendo concluir)