domingo, 1 de agosto de 2010

O Viaduto


Antonio se sentia sufocado.
Mesmo com seus 20 e poucos anos de vida, o peso da indignação o fazia sofrer. Talvez fossem só os problemas que tinha, ou apenas a força do medo de tentar lutar contra o que lhe causava dor.
E ali estava parado no parapeito do viaduto, a observar os carros que passavam em alta velocidade lá em baixo, e imaginou o quão bom seria se livrar da dor.
No peito o coração já não batia, suplicava como uma batida de marreta, a mente perturbada pelas cenas que havia visto até antes de chegar à ponte.
Não tinha mais nada a perder, pois a família já o tinha negado, seu grande amor, forçado a deixá-lo e suas ultimas esperanças mortas.
Não suportou mais a condição inumana em que se encontrava, não entendia o que era o preconceito e por que a razão de ser considerado diferente dos demais. Não conseguia acreditar que ainda hoje sua opção não era aceita. Ele era normal um ser saudável como os outros, mas a sociedade o classificava como um imundo, imoral e desonrado.
Com as lagrimas rolando atravessou o parapeito se segurando firme. Tinha decidido iria soltar.
Sua mente estava tranqüila ele sentia o vendo entrar nas narinas aliviando a dor no peito, e com o semblante sereno saltou para a sua liberdade.
Mas por ironia outro jovem chorou e seu nome gritou, não entendia por que Antonio havia pulado. E na dor do amor que se partira parou e olhou no parapeito do viaduto.
E por fim entendera que essa era a única maneira de ficar livre e perto do grande amor. Não precisou de coragem, atravessou o parapeito no mesmo ponto soltou o corpo e apenas disse: espera-me Antonio, eu o amo...

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