quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Preso e Esquecido


Em um dia estranho acordei-me sentindo sozinho, levantei calmamente coçando os olhos, chamo todos em casa, ninguém me escuta. Na cozinha   a torneira aberta e louça semi ensaboada na pia. A chaleira apita, mais uma vez pergunto onde estão e nenhuma resposta. Me visto e saio pelas ruas que estão tranquilas e sem movimento. Ouço o barulho de carros vindo do centro da cidade por instantes e me tranquilizo, caminho até o mercado na esquina aberto porem nenhum atendente lá. Só pode ser brincadeira penso, me sentindo idiota por não entender o que há de errado. Pego a moto e vou dar uma volta, entretanto, no caminho carros e motos ligados parados como se estivessem esperando seus condutores. No centro nenhum sinal de vida, o desespero começa a tomar conta de mim e grito sozinho. Entro em uma loja e ligo o radio que não encontra nenhuma frequência, ate que, ouço no chiado alguém dizendo “preso e esquecido”. Não, não consigo acreditar quebro com meu capacete a  loja inteira alarmes disparam mas nenhum segurança pra vir me repreender. Um dos meus maiores medos estava me assombrando. Corro desesperado até aparelhos televisores os ligo porem não há imagem se não meu próprio rosto os sorrisos começam a mudar debochando de minha infelicidade enquanto outros de mim nas telas gritam as gargalhadas, “preso e esquecido”. Choro compulsivo e grito “não” com todas minhas forças, tudo escurece e num salto acordo em minha cama, me sentindo sozinho cocos os olhos e chamo todos em casa e ninguém responde...

sábado, 25 de abril de 2015

EUTANÁSIA

E tudo fica escuro e eu já não lembro nem como são os traços do meu rosto. Eu posso estar morto, presumo, mas onde já se viu um morto com tantos pensamentos conflitantes? A ideia chega ser absurdamente engraçada e gargalho de minha própria desgraça. Mas se eu não estou morto, onde estou?
Movimento um dos braços e me pergunto se a sensação de movimentar-se é algo real ou fruto da minha imaginação, enlouqueci, pensei e sorri. Em menos de dois minutos já me diagnostiquei morto ou louco, o que mais posso esperar? Nada, essa foi a resposta que achei. Tento buscar em minha mente onde estive pela ultima vez mas minhas lembranças são ofuscadas por vozes que de relance escuto.  Minha pele fica sensível a temperatura e sinto frio e estranho tenho certeza que não posso me mexer. Algo me paralisa em minha garganta e braços mas como consigo respirar?
As vozes vão cada vez mais ganhando consistência e reconheço uma delas como sendo de alguém conhecido, eles falam com termos médicos e me dou conta de que estou em um hospital. Acho que ouço o doutor falar em eutanásia, mas pelo que sei isso é para pessoas em estado terminal não para mim que estou em pleno nas minhas faculdades mentais.

“Vamos desligar os aparelhos que o mantem vivo”. Não, estou vivo,  eu grito, mas em vão. Ouço os aparelhos sendo desligados um a um.  Parem deixem-me viver eu imploro, nenhum sucesso. O ultimo é desligado, e uma luz brilha forte mas logo que apaga, e tudo fica escuro.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Coisas que aprendi com Layla

Todos os dias, Layla minha cachorra corria incansavelmente atrás dos passarinhos, todos nós ao ver a cena percebíamos que sua vontade ela pega-los, pois os mesmos roubavam sua agua e ração. Porem a observávamos de forma leviana suas atitudes e sempre repreendendo acreditando que seria inútil seu esforço. Com isso aprendi duas lições: se tem algum objetivo busque sem descanso o tempo que for necessário e mesmo que as pessoas que você ama lhe digam que seus sonhos e planos não serão alcançados, não desista.
Dia pós dia era o mesmo processo, correr de um lado para o outro sempre olhando pra cima, esperando um tentar vir pegar seu tesouro, entretanto, quando um pássaro armava o bote, Layla saia correndo e latindo, fazendo uma algazarra e os espantava. E assim com o tempo nunca ela conseguia chegar ao tão esperado momento. Então aprendi que não basta apenas sonhar, tem que descobrir os meios dos quais conseguir chegar ao sonho.
A alguns dias atrás, notei o silêncio  de minha cachorra, e para minha surpresa, vi que ela começou a se aproximar cada vez mais dos pássaros indo sorrateiramente. Ia esgueirando quase imóvel e quando o passarinho estava distraído ela atacava.  Aprendi que quando descobrir o caminho tudo passa a ser uma questão de tempo.
Hoje como todos os dias, Layla foi para seu trabalho. E após horas investindo, conseguiu num salto o seu triunfo. Eu não o vi, apenas soube o resultado pois minha mãe que impediu que ela devorasse o pobre pássaro. E Layla me ensinou uma ultima lição: quem acredita realmente que pode fazer algo, não deve nenhum momento vacilar ou desistir.
O pobre pássaro aprendeu a pior das lições, na vida  devemos ser atentos a tudo e a todos,  pois não sabemos quem ou o que está esperando que vacilemos para nos abocanhar.