sábado, 25 de abril de 2015

EUTANÁSIA

E tudo fica escuro e eu já não lembro nem como são os traços do meu rosto. Eu posso estar morto, presumo, mas onde já se viu um morto com tantos pensamentos conflitantes? A ideia chega ser absurdamente engraçada e gargalho de minha própria desgraça. Mas se eu não estou morto, onde estou?
Movimento um dos braços e me pergunto se a sensação de movimentar-se é algo real ou fruto da minha imaginação, enlouqueci, pensei e sorri. Em menos de dois minutos já me diagnostiquei morto ou louco, o que mais posso esperar? Nada, essa foi a resposta que achei. Tento buscar em minha mente onde estive pela ultima vez mas minhas lembranças são ofuscadas por vozes que de relance escuto.  Minha pele fica sensível a temperatura e sinto frio e estranho tenho certeza que não posso me mexer. Algo me paralisa em minha garganta e braços mas como consigo respirar?
As vozes vão cada vez mais ganhando consistência e reconheço uma delas como sendo de alguém conhecido, eles falam com termos médicos e me dou conta de que estou em um hospital. Acho que ouço o doutor falar em eutanásia, mas pelo que sei isso é para pessoas em estado terminal não para mim que estou em pleno nas minhas faculdades mentais.

“Vamos desligar os aparelhos que o mantem vivo”. Não, estou vivo,  eu grito, mas em vão. Ouço os aparelhos sendo desligados um a um.  Parem deixem-me viver eu imploro, nenhum sucesso. O ultimo é desligado, e uma luz brilha forte mas logo que apaga, e tudo fica escuro.

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