“É uma operação de risco, e o senhor sabe bem disso”. “Faça”, respondi, e assim foi feito.
Meus olhos cansados pelas cenas que viu, agora se fechavam. Meu corpo somente sentia o frio da sala de operação,
e eu enfim teria algo que sempre busquei, a paz. Esse processo começou quando a conheci,
e eu mal sabia isso iria mudar minha vida.
Um esbarrão na estação de metro mais lotada da cidade, um
pedido de desculpa e uma paixão a primeira vista avassaladora. Sim isso é algo
que pensava ser impossível aconteceu. A primeira coisa que me lembro dela foram
seus olhos, castanhos esverdeados, em segundo plano seu rosto irritado por ter
se espalhado no chão todas suas coisas. Ajudei-a pegar e recolher cada pedaço
de papel que fora chutado pela multidão, e nada mais justo ofereci um café, ela
relutante aceitou.
Eles injetam algo pelo cateter e sinto o braço gelando, minha memoria falha, um cochilo? Não
é a sedação.
Nos últimos minuto que tive de sanidade lembrei-me de dias
felizes e triste que tive com ela a partir daquele café, cada emoção, cada
história, eu sentirei falta desses dias. Por fim veio a lembrança de porque
estava ali, porque pedi ajuda médica. Da mesma maneira que surgiu para mim
acabou para ela. Suportar sua perda, não
estava sendo fácil, então soube de uma clinica que” roubava lembranças” e pedi
que a arrancasse ela e suas raízes do meu coração.
“Feito, acorde senhor”,
despertei e chorei pois nesta
cirurgia descobri que por mais fantasioso que seja a frase : não da pra tirar
da cabeça o que não sai do coração. Fazia um sentido imenso, infelizmente eu
ainda a amava...
Nenhum comentário:
Postar um comentário